sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Loucura


Quero-te loucura,
és a abrupta harmonia na quietude do imperceptível,
orgasmo de silêncio a cintilar nos alvéolos do instante.
Porque me foges
quando na orla intemporal do teu cataclismo
há uma apoteose inesgotável de existência.

Vem loucura,
iça-me para a integridade vacilante da alucinação,
rouba-me a imutável tragédia do deslumbramento.
Exala-me de ânsia
para que possa naufragar
no imenso extravio da inquietação,
no fulgor translúcido do desconhecido.

Eu não quero mais andar vendado
por este caos decadente
que emerge no decalque original do vazio.

Deixa-me deambular
na indelével relutância do pressentimento,
desabar na irrequieta limpidez entre o nada e o nada.

Poema - Alberto Pereira

Video/Voz - Zélia Santos


3 comentários:

Maria Carvalhosa disse...

Lindo, lindo... como tudo o que li do que escreveste!...
Um beijo amigo.

Maria Oliveira disse...

Conseguimos flutuar com as suas palavras transformadas em sublime poesia!

Abraço

Anónimo disse...

Só os loucos são felezes. Mas se não fossem os infelizes como viveriam os loucos?

Deixo esta pergunta para refexão.