terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Ruínas da Eternidade


Canto o teu adeus,
nas lágrimas frias que beijam o orvalho matinal do coração,
na brisa que transporta a face sombria do fim.
Envenenaste a esperança,
fugiste com a única coisa que me restava.
Deixaste-me nas veias o sangue manchado de mágoa
e no espírito a raiva de ter acreditado que era possível.
O teu cheiro vagueia nas páginas do desespero,
a ausência preenche o vazio que me sufoca a memória.

Canto o teu adeus,
em todas as esquinas do meu sonho.
Corro pelas ruas e tropeço no silêncio
nesta cidade abandonada que desenhaste dentro de mim.
Deixaste o futuro partir,
condenaste-me a viver no presente oco
que escorre na miséria do sentimento.

Canto o teu adeus,
encostado às ruínas da eternidade
e vejo a saudade embriagada
nas mãos famintas da realidade.

Morro no teu adeus.


Poema do livro
"O áspero hálito do amanhã"
Alberto Pereira

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Perfeito!! Adorei este poema...muitos beijos e todo o sucesso do mundo num sonho sempre a cumprir...

Anónimo disse...

Alberto, que coincidência, ontem à noite transcrevi esse seu poema...é lindo e a ilustração está perfeita.
Posso cometer um atrevimento? Adoro o Marc Chagall, um dia que estiver bem inspirado, não escreveria um poema a partir de uma tela dele? essa por exemplo, acho de uma delicadeza infinita e tem um pássaro, sou apaixonada por eles.
Um beijo e me desculpe se estou sendo atrevida.
Eliane

Via multiply