quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Grito - Edvard Munch



Na cripta do horizonte
vultos sanguíneos remam
sismos no crepúsculo.
A voltagem da tarde fortalece escuridão,
crescem nas pálpebras
archotes terror perscrutando desalento.
Há relâmpagos a brilhar pesadelos
e os homens fecham as mãos
dentro dos neurónios.
Pelos dedos escorrem gritos
que acendem abutres na frustração.

Apagam-se daltónicas emoções
no insalubre túmulo dos dias
e apenas a morte
sabe sabotar o desespero.


Poema do livro "O áspero hálito do amanhã"
de Alberto Pereira

1 comentário:

Paula Raposo disse...

Belo o teu poema. Tenho que comprar o livro, já que não fui à apresentação. Uma falha. Beijos.